Sinopse: Natal 71 é o
nome de um disco oferecido aos militares em guerra no Ultramar português
nesse mesmo ano. Cancioneiro do Niassa é o nome que foi dado a uma
cassete áudio, gravada clandestinamente por militares ao longo dos anos
de guerra, em Moçambique. Era o tempo em que Portugal era um grande
império colonial – pelo menos era o que eu lia nos livros da escola – e
para que assim continuasse, o meu pai e grande parte da sua geração
combateu nessa guerra, que durou treze anos. Hoje transportamos, em
silêncio, essas memórias. Olho para trás e tento ver. Em casa do meu pai
encontrei algumas fotografias, a cassete e o disco. A cassete é uma voz
de revolta, o disco é uma peça de propaganda nacionalista. São memórias
de uma ditadura fascista. Memórias de um país fechado do resto do
mundo, pobre e ignorante, adormecido por uma propaganda melosa e
primária que nos tentava esconder todos os conflitos, e que nos impedia
de pensar e de reconhecer a natureza repressiva do regime em que
vivíamos.